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TERAPIA COGNITIVO FUNCIONAL

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Cognitive Functional Therapy (CFT) ou Terapia Cognitivo-Funcional (TCF) é uma intervenção fisioterapêutica que surgiu da integração de fundamentos da psicologia comportamental e da neurociência dentro da prática do fisioterapeuta, voltada para a natureza multidimensional da dor lombar crônica, mas também aplicável a outras dores musculoesqueléticas crônicas. Foi desenvolvida na Australia pelo fisioterapeuta e pesquisador Peter O'Sullivan e seu grupo de pesquisa. Atualmente, o professor Ney Meziat lidera o maior grupo independente de pesquisa de TCF no mundo, com parcerias com várias universidades brasileiras e um estudo sendo conduzido no Canadá.

A TCF é uma abordagem comportamental integrada e flexível para reduzir dor e incapacidade.

Existem 3 componentes principais na intervenção: (1) Dando sentido à dor, (2) exposição com controle e (3) mudança de estilo de vida.

DANDO SENTIDO À DOR (MAKING SENSE OF PAIN)

Dar sentido à dor é um processo reflexivo que usa a própria história do paciente e eventos de vida relevantes, combinados com suas experiências durante a exposição a comportamentos funcionais mal adaptativos, não apenas para alcançar uma nova compreensão de sua dor, mas também para aumentar a autoeficácia para atingir seus objetivos. Uma linha do tempo da história da dor, lembrando fatores biopsicossociais que podem ter desempenhado um papel no surgimento e persistência dos sintomas, pode ajudar a dor lombar crônica e incapacidade fazerem sentido para o paciente.

Ouvir a história do paciente é fundamental para identificar o contexto, área e características da dor, nível de incapacidade, crenças, fatores físicos, estratégias de enfrentamento, fatores de estilo de vida, objetivos e valores. A aliança terapêutica é aprimorada com elementos como empatia, espelhamento, questões reflexivas, reflexões, reforço de comportamentos positivos e resumos. Os pacientes desenvolvem uma compreensão dos contextos em que ocorre o aumento dos sintomas de dor e, portanto, estratégias de enfrentamento positivas podem ser determinadas e discutidas.


EXPOSIÇÃO COM CONTROLE (EXPOSURE WITH CONTROL)

A exposição controlada é um processo de mudança de comportamento que permite aos indivíduos retornar gradualmente às suas atividades funcionais valorizadas, sem intensificação da dor e desconforto associados. Visa focar a experiência da dor como uma hipótese para testar experimentos comportamentais usando a experiência da dor sempre que possível.

Por exemplo, “me abaixar com a coluna flexionada aumentará minha dor”. Uma experiência na qual associações aprendidas entre tarefas ameaçadoras e aumento da dor ou danos podem ser corrigidas e novas associações de “segurança” são formadas.

Essa estratégia parte do pressuposto de que a discrepância entre expectativa e experiência (expectativa violada) é útil para novos aprendizados. Para alguns indivíduos, o objetivo é sentir menos dor durante a execução da tarefa, enquanto para outros, pode ser envolver-se com as tarefas temidas e evitadas sem danos. Nesse processo, respostas simpáticas e comportamentos de busca de segurança que ocorrem durante a execução de tarefas funcionais dolorosas, temidas ou evitadas são especificamente direcionados e controlados para criar uma incompatibilidade entre as respostas de dor esperadas e reais do indivíduo.

Por exemplo, expectativa do paciente: “Espero que minha dor aumente ao me abaixar repetidamente. Experiência individual”: “Quando relaxo, respiro e dobro minhas costas sem protegê-las, minha dor não piora – ela alivia.” A exposição com controle inclui a promoção do relaxamento corporal antes da exposição, redução de comportamentos protetores e encorajamento da consciência e controle corporal que permite ao indivíduo vivenciar atividades funcionais de forma não protetora. Para facilitar o raciocínio clínico na identificação de comportamentos funcionais mal adaptativos do paciente, existe uma classificação que inclui as disfunções de controle funcional (flexão, extensão ativa, extensão passiva, descarga, plano frontal e multidirecional, além das disfunções de movimento (restrições) em flexão, extensão e plano frontal.


MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA (LIFESTYLE CHANGES)

É ajudar os pacientes a adotar um estilo de vida saudável. Estratégias para mudar comportamentos de estilo de vida desfavoráveis são discutidas como parte da compreensão da dor. A atividade física é baseada nas preferências da pessoa ligadas a objetivos individuais, considerando custos, questões de acessibilidade e engajamento social para estimular uma mudança de comportamento duradoura.

Para déficits de sono associados à má higiene do sono se estabelece uma rotina diária reduzindo o uso de eletrônicos na cama. Distúrbios causados por dor, preocupação e estresse podem ser controlados com técnicas de relaxamento (ou seja, meditação guiada) e envolvimento em atividade física regular. O treinamento específico de rolamento e postura na cama de maneira relaxada é explorado quando o movimento e as posturas na cama são um problema.


REFERÊNCIAS

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